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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Audrey & Bill: an affair to remember

"She was the love of my life." 
"He's my guardian angel, the most handsome man I’ve ever met."
Uma vez a Jess comentou aqui no blog sobre o quanto de tristeza e tragédia se esconde por trás dos sorrisos das estrelas de Hollywood. De imediato, lembrei de vários casais que não deram certo, por um motivo ou outro. O meu favorito nesse quesito "casal que nunca foi" é aquele formado por Audrey Hepburn e William Holden, casal, aliás, desconhecido por muita gente.

Audrey e Bill se conheceram no set de Sabrina, em 1954, ficaram amigos, começaram um caso, e sofreram juntos com o desprezo de Humphrey Bogart. Mas eles se amavam loucamente e não estavam nem aí.

Tudo parecia se encaminhar de um divórcio da esposa de Bill para um casamento feat uma penca de filhos. Só parecia...

Porque deu ruim.

Em 1954, Audrey Hepburn estava por cima da polenta em Hollywood, depois de ter estreado no cinema com o pé direito. Naquele ano, ela foi a vencedora do Oscar de Melhor Atriz por A princesa e o plebeu, que estrelou com Gregory Peck no ano anterior. O carisma e a graça da atriz, abriram muitas portas, e logo ela estava cotada para estrelar diversos filmes. Um deles foi Sabrina, de Billy Wilder, que se apaixonou por Audrey tão longo pôs os olhos nela. "Posso falar o nome dela sem problema durante o sono, afinal minha esposa também se chama Audrey", gracejou o diretor na época.

Wilder já tinha o elenco perfeito em mente: Audrey, como a adorável Sabrina, a filha do motorista da família rica, apaixonada pelo irresponsável filho mais novo - papel que cairia como uma luva para o William Holden, que havia feito outros filmes do diretor. Cary Grant seria o toque perfeito como o irmão mais velho, sério e totalmente o oposto do personagem de Bill - e que, em uma armadilha do destino, se apaixonaria por Sabrina.

Holden estava ansioso para conhecer Audrey. Ele havia sido cativado pelo brilho dela em Roman Holiday, algo que para ele nem o melhor diretor ou câmera poderia disfarçar; ela era genuinamente doce e radiante. Por ser mais velho que ela, Bill sentia-se mais sábio.

Na época, o problema do ator com o álcool estava ficando cada dia mais sério; logo, ele havia se tornando em um dependente. Além disso, Holden era um notório mulherengo, casado com a atriz Brenda Marshall, cujo nome verdadeiro era Ardis. A coitada vivia resignada com a vida dupla do marido, que, como se não bastasse as constantes puladas de cerca, trazia as amantes para jantar em casa, na companhia da esposa. Pensa num homem que não valia nada!

Sendo assim, parecia inevitável que Audrey fosse a próxima conquista de Bill. No entanto, assim que conheceu a adorável atriz, o coração do Don Juan fez chica chica boom. Ele sentiu que Hepburn era a mulher pela qual ele havia esperado a vida toda (enquanto se divertia com as erradas). E a recíproca foi verdadeira! Audrey, cujo maior sonho era ter uma família toda sua, pensou que talvez Holden fosse o marido ideal. Antes mesmo de as gravações começarem, eles haviam se tornado very good friends, mas ainda sem benefits, ao que tudo indica. Para William Holden, esse definitivamente era um sinal.

Enquanto o casal de protagonistas brincava de Romeu e Julieta, Billy Wilder se via com um baita problema nas mãos: Cary Grant deu para trás. Cary avisou que não iria mais fazer o papel de Linus, porque se deu conta da diferença de 25 anos de idade entre ele e Audrey. Um par romântico desses, disse ele, seria no mínimo ridículo. A Paramount então foi atrás de Humphrey Bogart, cuja diferença de idade com Audrey era ainda maior: 30 anos. Bogart aceitou de má vontade, e desde o início não se entendeu com seus colegas de elenco. Chamava Audrey de "amadora" e Bill de "estrelinha de matinês" (confesso que ri com essa). Bogie também não ia muito com a cara de Billy Wilder.

"Do jeito que você me olha,
vai dar namoro..."
As gravações começaram e o barraco rolava solto. Bogie não perdia uma oportunidade de humilhar Audrey e espezinhar William Holden, e logo o casal somou 1 + 1, e resolveu que seria bom consolar um ao outro durante os intervalos das gravações (vai rolar o adultério, panpanrããã). Ernie Lehman (o roteirista de Sabrina) e Billy Wilder se deram conta do que estava acontecendo quando, um dia, depois do horário, Ernie foi até o camarim de Bill para se despedir, e entrou sem bater; Audrey e Bill estavam de mãos dadas, sentados no sofá e olhando fixa e amorosamente um para o outro. Ernie acenou um tchauzinho sem graça, e foi embora pensando que algo de profundo estava acontecendo ali. Ele comentou com Billy Wilder, e logo os dois estavam torcendo pelo novo casal, e ao mesmo tempo gelando o coração com a possibilidade de algo atrapalhar a produção de Sabrina. Felizmente, o romance só favoreceu a atuação do casal.

Audrey se jogou de corpo e alma no romance. Ela estava irremediavelmente apaixonada. Depois das gravações, os dois geralmente saiam da cidade, em direção a uma floresta afastada onde havia uma clareira. Lá Bill estacionava, eles estendiam uma toalha no chão e ligavam o rádio. "Nós colocávamos música, e ela dançava para mim sob a luz do luar. A maioria dos nossos momentos mágicos aconteceu nesse lugar", diria Holden, anos mais tarde. Obviamente, esse sentimento "mágico" transparecia nas telas. Os dois amavam suas cenas juntos, e davam tudo de si.


Todo mundo tinha certeza que Holden daria um pé na bunda de Ardis logo, e se casaria com Audrey. A própria esposa sentiu isso quando, como de hábito, o marido levou Audrey para jantar em casa. Ardis, que fazia vista grossa para as escapadas do marido, confiante de que ele sempre voltaria para si, sentiu seu pior pesadelo se tornar realidade ao conhecer Audrey. Lá estava aquela moça, 15 anos mais nova, linda, cheia de classe e com uma aura quase espiritual de graça e elegância. Assim que Hepburn foi embora, visivelmente constrangida (CÊ JURA?), Ardis entrou no modo psicopata, e colocou Holden contra a parede, proibindo-o de continuar o caso. É claro que ele não deu a mínima para a esposa, já que estava apaixonado e pretendia deixá-la na primeira oportunidade.


Mas como o destino consegue ser FDP como ninguém, poucas semanas depois o relacionamento
entre Bill e Audrey chegaria ao fim. A atriz sonhava em ter filhos, e planejava abandonar a carreira para criá-los. Ela sempre comentava com Bill, que sorria e logo mudava de assunto. Até que um dia, quando os dois conversavam sobre os nomes que dariam para seus filhos, Bill deu um sorriso constrangido. Então, contou para Audrey que não poderia ter filhos. Após três filhos do casamento com Ardis, Bill havia feito uma vasectomia - provavelmente por medo de engravidar alguém durante os casos que tinha aqui e ali. Audrey ficou chocada ao ver todos seus sonhos se esfarelar diante dos seus olhos. No mesmo instante, ela terminou o relacionamento com Holden.

Ele, é claro, ficou arrasado, e a todo custo tentou fazer com que ela voltasse atrás da decisão - mas não teve jeito. Audrey logo começou um romance com o babaca Mel Ferrer, que nem se deu conta de que era um mero rebound. Audrey ainda estava apaixonada pelo ex quando, semanas mais tarde, na festa de encerramento das gravações, ironicamente na casa de William Holden, ela anunciou seu noivado com o substituto Mel. (imagina o clima de Rebecca na casa deles....); Bill, é claro, ficou arrasado, e Audrey o evitou durante a noite toda. Ele choraria diversas vezes no ombro da amiga Barbara Stanwyck nos meses seguintes.

Depois disso, o alcoolismo de Bill se agravou, e o divórcio de Ardis veio logo. Ele se jogou na night, e teve 5654646 casos diferentes, um deles com Grace Kelly; acabou levando um toco quando ela o trocou por Bing Crosby.

Passaria dez anos até que Audrey e Bill se vissem outra vez. O reencontro aconteceu na França, onde os dois se encontraram em 1964, para gravar Quando Paris alucina (provavelmente o pior filme que eu vi na vida). Mas a essa altura, Audrey estava em outra: ela tinha um filho pequeno, que era o centro de sua vida, e apesar de o casamento com Mel não ir bem, ela não tinha a mínima intenção de reatar sua história com Bill, que agora, ironicamente, estava solteiro.

Quando assisti esse filme, eu ficava pensando o tempo todo no sofrimento que o coitado do Bill deve ter passado, porque parecia visível para mim que ele ainda era loucamente apaixonado por Audrey - disse a garota que consegue enxergar os sentimentos dos atores por trás da atuação.

E não é que eu não me enganei dessa vez? Anos mais tarde, eu li a biografia de William Holden e fiquei sabendo que foi um martírio para ele gravar esse filme. Ele estava do lado da mulher por quem era apaixonado há 10 anos, e que se mudara para a Europa, mas não podia estar de fato com ela. Para piorar, Mel Ferrer estava sempre no estúdio. No livro, ele conta sobre o dia em que se deu conta do problema que tinha em mãos:
"Eu lembro do dia em que cheguei em Paris. Eu estava caminhando no aeroporto e podia ouvir meus passos ecoando nos corredores, como um condenado em direção à morte. Eu me dei conta de que precisava enfrentar meus dois maiores problemas: Audrey e meu alcoolismo. E eu achava que não poderia lidar com nenhum dos dois".
Ele, é claro, no auge do alcoolismo e da deprê, tentou de tudo para reatar com ela. Numa noite inclusive, ele subiu em uma árvore que havia em frente a janela do quarto de Audrey e ficou fazendo barulho para chamar a atenção. Quando Audrey abriu, ele surgiu e beijou ela. No entanto, Holden escorregou da árvore e caiu no estacionamento. Bill chorava à noite e chegava todos os dias bêbado no set. Quando as gravações terminaram, ele foi embora rapidamente, e eles nunca mais se viram.

Holden nunca se recuperou do problema com o álcool. Casou-se com Stephanie Powers (aquela do seriado Casal 20) em 1972, mas nunca deixou de declarar que Audrey foi o verdadeiro amor de sua vida.

Já ela, após o fracasso com Mel Ferrer, se envolveu em outro péssimo casamento com o playboy italiano Luca Doti, que lhe deu outro filho. Audrey nunca deixou de ter casos passageiros durante seus casamentos. Só no fim da vida ela encontrou a felicidade ao lado de um médico, com quem viveu até seus últimos dias, e que cuidou dela durante o câncer que teve.

William Holden morreu em 1981. Ele estava sozinho e bêbado no seu apartamento em Santa Monica, quando, sentado em frente a mesa do seu escritório, deixou a cabeça cair e bater na mesa de vidro. Impossibilitado de pedir socorro ou por não dar importância ao fato, ninguém sabe, ele sangrou até a morte. Seu corpo foi encontrado 4 dias depois. Fontes ligadas a Audrey na época, dizem que ela ficou devastada com a morte de Bill.

Olha, essas tragédias por trás dos sorrisos desse povo de Hollywood sempre me deixam abismada.

Publicado por Camila Pereira.

2 comentários:

  1. Tristemente linda a história dos dois!

    Ah, eu amo Quando Paris Alucina! Um dos filmes que mais me fez rir na vida!

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  2. Estou vendo agoraQuando Paris Alucina. William Holden está triste e forçado, claramente apaixonado e disfarçando. Um homem tão bonito e infeliz. Ela poderia ter feito como Natalie Wood que separou-se de Robert Wagner , casou-se com outro, teve filhos, divorciou-se e casou com RW outra vez.

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